Cuidar da saúde do seu cachorro vai muito além de oferecer boa ração e passeios regulares. Um dos pilares do bem-estar animal — e também da saúde pública — é manter as vacinas do seu cão em dia. Elas são a linha de defesa que protege não apenas o pet, mas também você, sua família e até outros animais com quem ele convive.
Mas, afinal, quais vacinas o cachorro precisa tomar? Existe diferença entre as obrigatórias e as recomendadas? E como funciona o calendário vacinal para filhotes e adultos? Se você também fica perdido com tantos nomes (V8, V10, antirrábica, giárdia, gripe canina…), este guia foi feito sob medida pra você.
Aqui, você vai encontrar informações atualizadas para 2025, dicas práticas e referências confiáveis — tudo explicado em uma linguagem leve, humana e fácil de entender. Prepare-se para sair daqui sabendo exatamente quando, por que e como vacinar seu cachorro, sem confusão nem termos complicados.
Por que a vacinação é essencial para cães (e para você também)
Se o seu cão pudesse falar, ele provavelmente te diria que as vacinas são uma das melhores formas de amor que você pode oferecer.
Elas atuam como uma armadura invisível contra doenças sérias — algumas mortais, outras com sequelas graves e tratamento caro. Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a imunização correta é o primeiro passo para garantir uma vida longa e saudável para os cães.
Além disso, vacinar é uma atitude de responsabilidade social. A raiva, por exemplo, é uma zoonose — ou seja, pode ser transmitida aos humanos. Graças às campanhas anuais de vacinação, o Brasil praticamente erradicou a raiva urbana, mas o risco ainda existe em áreas rurais ou com pouco controle sanitário.
Portanto, manter a vacinação do seu pet em dia é uma forma de proteger não só ele, mas também toda a comunidade.
E tem mais: prevenir sai muito mais barato do que remediar. O tratamento de doenças como cinomose e parvovirose, além de doloroso e demorado, costuma ser caro e nem sempre tem cura.
Por isso, manter a carteira de vacinação em ordem é um investimento em tranquilidade.
Vacinas obrigatórias, essenciais e recomendadas
Antes de falar do calendário em si, é importante entender quais são as vacinas que todo cachorro precisa tomar — e quais são opcionais, dependendo do estilo de vida e da região onde mora.
| Tipo de vacina | Protege contra | Obrigatoriedade |
|---|---|---|
| V8 ou V10 (múltipla) | Cinomose, parvovirose, adenovírus, hepatite infecciosa, parainfluenza e leptospirose (duas cepas na V8 e até quatro na V10) | Essencial — todo cão deve receber |
| Antirrábica | Raiva (zoonose fatal) | Obrigatória por lei no Brasil |
| Gripe canina (tosse dos canis) | Bordetella bronchiseptica e vírus da parainfluenza canina | Recomendável para cães que frequentam locais com outros animais |
| Giárdia | Giardíase (parasita intestinal que causa diarreia) | Opcional — recomendada em regiões úmidas e de risco |
| Leishmaniose | Leishmania infantum (transmitida por mosquito-palha) | Aplicada apenas em regiões endêmicas, mediante exames prévios |
👉 Fontes: Petz, Portal dos Pets, CFMV.
Calendário de vacinas para cachorro: do filhote ao adulto
Agora que você já sabe quais são as vacinas principais, vamos ao cronograma recomendado pelos veterinários brasileiros.
O esquema pode variar um pouco conforme a marca da vacina ou o estado de saúde do animal, mas o modelo abaixo serve como referência geral.
| Idade do cão | Vacinas recomendadas |
|---|---|
| 6 a 8 semanas | 1ª dose da múltipla (V8 ou V10) |
| 9 a 11 semanas | 2ª dose da múltipla |
| 12 a 14 semanas | 3ª dose da múltipla + antirrábica |
| 16 semanas | Gripe canina e/ou giárdia (opcionais, conforme risco) |
| 5 a 6 meses | Revisão com veterinário — possível reforço da múltipla |
| 1 ano de idade em diante | Reforço anual de todas as vacinas anteriores |
💡 Dica importante: as vacinas múltiplas precisam de reforço anualmente, mesmo depois do esquema inicial.
Deixar de aplicar o reforço faz o nível de proteção cair — e doenças como cinomose não dão segunda chance.
E se eu adotei um cachorro adulto sem histórico de vacinação?
Essa é uma dúvida comum.
Se o histórico vacinal for desconhecido, o veterinário geralmente recomeça o protocolo, aplicando duas doses da múltipla (com intervalo de 21 a 30 dias) e uma de antirrábica. Depois disso, seguem-se os reforços anuais.
É importante também fazer exames básicos antes da vacinação, especialmente se o cão estiver debilitado, desnutrido ou resgatado de rua. Isso garante que ele responda bem aos imunizantes.
Quando não vacinar
Nem todo momento é ideal para aplicar vacinas.
Evite vacinar se o cão:
- Estiver com febre, diarreia ou qualquer infecção ativa;
- For fêmea gestante (salvo indicação específica do veterinário);
- Estiver sob tratamento com corticoides ou imunossupressores;
- Tiver acabado de passar por cirurgia ou anestesia recente.
Em todos os casos, o veterinário fará uma avaliação prévia para garantir que o organismo do pet está pronto para receber o imunizante.
Possíveis reações após a vacina
Assim como em humanos, os cães podem apresentar reações leves nas primeiras 24 a 48 horas. Entre as mais comuns:
- Cansaço ou sonolência;
- Falta de apetite;
- Febre baixa;
- Inchaço no local da aplicação.
Esses sintomas são normais e costumam desaparecer sozinhos.
Mas se o cachorro tiver vômitos, inchaço no rosto, dificuldade para respirar ou desmaios, procure o veterinário imediatamente — pode ser uma reação alérgica mais séria.
Como manter o controle das vacinas
A melhor forma de não perder o controle é se organizar.
Aqui vão algumas dicas práticas que ajudam — e ainda facilitam sua vida nos reforços:
- Guarde a carteirinha de vacinação sempre à mão. Fotografe e salve também em formato digital.
- Use lembretes no celular ou apps como Petz App ou PetZee para receber notificações automáticas de reforços.
- Prefira clínicas que mantêm histórico online — algumas enviam lembretes por e-mail ou WhatsApp.
- Aproveite campanhas gratuitas de vacinação antirrábica, geralmente promovidas por prefeituras no segundo semestre de cada ano.
👉 Exemplo: a Prefeitura de São Paulo costuma divulgar o calendário de vacinação antirrábica anual em seu portal.
Vacinação e viagens com pets
Vai viajar com seu cachorro?
Muitos hotéis, creches e companhias aéreas exigem comprovante atualizado de vacinação.
Por isso, mantenha a carteirinha em dia e, se possível, peça ao veterinário um atestado de saúde recente (geralmente válido por 7 a 10 dias).
Se for para fora do país, verifique as exigências específicas com antecedência. Cada destino tem regras próprias — alguns pedem sorologia antirrábica, microchip e certificado veterinário internacional (CVI).
O site Vigiagro do MAPA tem informações detalhadas sobre isso.
Mitos e verdades sobre vacinas de cachorro
| Mito | Verdade |
|---|---|
| “Meu cachorro vive só dentro de casa, não precisa de vacina.” | Errado. Vírus e bactérias podem vir pelo ar, roupas, calçados ou insetos. |
| “Se perder o reforço anual, não tem problema.” | Errado. A imunidade cai, e o animal fica vulnerável novamente. |
| “Vacinar demais faz mal.” | Parcialmente verdade — por isso é essencial seguir apenas o protocolo indicado pelo veterinário. |
| “Vacina de pet shop é igual à de clínica.” | Nem sempre. A conservação, procedência e aplicação devem ser feitas por médico-veterinário registrado. |
Leishmaniose: atenção especial em áreas endêmicas
A leishmaniose visceral canina é uma das doenças que mais preocupa os veterinários, principalmente em regiões quentes e úmidas do Brasil (como Centro-Oeste, Norte e Nordeste).
A vacina Leish-Tec é indicada apenas para cães que testaram negativo no exame sorológico e sob orientação profissional.
Vale lembrar que, em 2023, o Ministério da Agricultura suspendeu temporariamente alguns lotes do imunizante por inconsistências de qualidade. Portanto, sempre confirme com o veterinário se o produto está regularizado antes da aplicação.
Além da vacina, é essencial usar coleiras repelentes (como Scalibor ou Seresto) e telas protetoras em locais de risco.
Checklist rápido para tutores responsáveis
✅ Comece o protocolo vacinal entre 6 e 8 semanas de vida.
✅ Não pule doses nem reforços.
✅ Sempre vacine em clínicas com veterinário presente.
✅ Mantenha o histórico atualizado e digitalizado.
✅ Observe possíveis reações e comunique o veterinário.
✅ Evite contato com outros cães antes de completar o esquema inicial.
a vacina é a linguagem do amor responsável
Vacinar seu cachorro é mais do que um dever — é um ato de amor, empatia e cuidado.
Cada picadinha representa anos de vida saudável e protegida para o seu melhor amigo. E quando o assunto é saúde, a prevenção é sempre o melhor remédio.
Com o calendário vacinal em dia, você garante que seu cão tenha liberdade para correr, brincar e explorar o mundo com segurança — e isso, convenhamos, é tudo o que ele mais quer.
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